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FIAk: tricampeão fanfarrão fatura milão

Rodrigo França ganha prova, milão, tricampeonato, festa e... inimigos

01.02.2008  |  250 visualizações  |  anexos
Não poderia existir cenário melhor para a corrida mais importante da história da FIAk (Federação Internacional dos Andadores de Kart): o Kartódromo Granja Viana. Foi lá onde a categoria nasceu, em 1999, durante a disputa da Seletiva Petrobras de Kart. Foi onde os jornalistas pela primeira vez participaram de uma competição oficial, as 500 Milhas de 2007, com a equipe Red Bulletin. Foi onde Betto D´Elboux deixou sua eterna marca nas pistas...

Agora, a Granja Viana surge como palco da prova que deve rivalizar com a Indy 500, 24 Horas de Le Mans e o GP de Mônaco de F-1 como principal atração do automobilismo mundial: a “Prova do Milão”.

“Não vejo comparação com estas corridas. Uma demora 24 horas, duvido que alguém consiga ficar acordado tanto tempo. Na outra, todo mundo só quer saber de ficar nos iates. E a de Indianópolis, então, nem se fala. Se ainda fosse em Higienópolis, ou até mesmo na República do Líbano, vá lá, pelo menos fica numa região mais nobre da cidade”, desdenhou Rodrigo Ecclestone, que comanda ditatorialmente a FIAk.

O dirigente explica que a prova fiakiana à milanesa não permite comparação com as demais pela incrível quantidade monetária levada pelo vencedor. “É muito dinheiro. Vocês verão nas fotos. São notas e moedas que, se fossem empilhadas lado a lado, seriam suficientes para dar uma volta em nosso globo terrestre”, disse, apontando para o abajur mapa-mundi de sua escrivaninha.

O valor do prêmio jamais será divulgado oficialmente pelos organizadores. A imprensa especializada especulou que milão seria equivalente a R$ 1.000,00, mas Rodrigo Ecclestone negou furiosamente. “São mais de cinco zeros”, disse, sem esclarecer se incluía as casas dos centavos. “Posso garantir que tem muita moça de certos cafés da cidade que não fatura este prêmio em uma noite”, afirmou. Questionado por uma repórter feminista se estava se referindo a alguma casa recentemente fechada pela atual gestão, o dirigente desconversou: “Você kessab”. “Este trocadilho é péssimo”, retrucou a jovem repórter.

A polêmica não ficou apenas na questão do valor do prêmio. Afinal, o vencedor da Prova do Milão, realizada nos primeiros minutos de ontem, dia 31, foi Rodrigo França, apontado pela imprensa especializado como protegido do sobrinho-neto ecclestoniano. Além de faturar a enorme quantia de dinheiro, França ficou também se tornou o primeiro tricampeão da categoria.

“Estou muito feliz com os três títulos. Muitos jornalistas abusavam das legendas sacanas, dizendo que eu era o primeiro bi da FIAk”, explicou o taubateano, que afirmou ter vencido uma das corridas mais emocionantes de sua carreira. “Sei que esta prova me dará muito prestígio. Pelas minhas contas, dá para comprar uns 500 só com o prêmio.”

A prova foi disputada sob chuva e o desafio já começava no trânsito: muitos se perderam em alagamentos e enchentes. França começou a trilhar sua vitória na pista molhada ao largar na pole position. Com apenas 5 minutos de classificação, muitos pilotos sequer completaram uma volta limpa, o que tornou a disputa ainda mais emocionante. “Sentimos falta do controle de tração”, reclamou um dos pilotos, revoltado com o novo regulamento que agora foi copiado pela F-1.

França conquistou o primeiro tempo batendo um surpreendente Tiago Mendonça (Credit Ribeirão) por dois décimos. “Sou um piloto vindo de uma estância hidromineral, água para mim não é problema”, gabou-se o mais novo integrante da categoria Jumbo Maior (para pilotos beirando os 90 quilos).

Na largada, Mendonça saiu melhor e chegou a ficar lado a lado com França na terceira curva. “Tentei ir por fora. Não deu. Tentei de novo”, disse. Pois na segunda tentativa, voltas mais tarde, ele rodou na entrada da Reta Oposta, acabando com as chances de embolsar o milão. Mesmo assim, conseguiu emplacar um terceiro lugar, que valeu um 5º na classificação final do campeonato, seu melhor resultado em seis temporadas. “Ano que vem busco o troféu”, disse Tiago. “E entrega para o vencedor”, disse um jornalista maldoso em plena coletiva, para gargalhada geral.

Com a escapada de Mendonça, a caça à liderança ficou por conta da dupla do Grande Prêmio, Victor Martins e Bruno Vicaria, que substitui Flavio Gomes, em ano sabatico-masoquista. Mas o grande prêmio para a dupla ficou mesmo só no nome do site. Martins, que largou numa excelente segunda fila, terminou em 7º, logo atrás de Vicaria, que foi destaque da corrida ao fazer a terceira melhor volta da prova.

Os dois cruzaram a linha separados por apenas um segundo, com Vicaria a menos de 1 décimo atrás de Ricardo Lopes, o quinto colocado. O campeão de 2005 jogou com a estratégia e trocou de kart para ter chance de ser bicampeão. Mesmo largando dos boxes, conseguiu chegar ao pódio (que, para alegria dos pilotos, tem espaçosos seis lugares) e ainda fez a melhor volta da corrida. “Fui 3 segundos mais rápido do que França na última volta. Se a prova tivesse mais 30 minutos de duração, eu dava até uma volta nele”, provocou o piloto, que terminou o ano em terceiro.

O vice-campeão e também vice-milonário foi Luiz Vicente. “Maldito França, maldito França, maldito França” eram as palavras que ele pronunciou ao sair do kart. Afinal, não fosse o taubateano, ele faturava o milão e também o título. “Ano que vem eu venho armado”, disse, sem dar mais detalhes. Mesmo com um kart não muito competitivo, Vicente subiu do 5º lugar para o 2º, conseguindo ser o único além do líder a não rodar na prova. “Não tem segredo para andar bem. Eu não inventei a roda. Aliás, rodá é péssimo pro piloto”, afirmou.

Com a pista secando nas voltas finais, os duelos ficaram intensos na disputa também do segundo lugar: Vicente cruzou a linha um décimo à frente de Mendonça, que por sua vez chegou apenas um segundo à frente de Cássio Cortes, o quarto. Com os cinco pontos, Cássio terminou o ano em 6º e foi o “Estreante do Ano”, título que lhe rendeu 10% dos bônus dos diretos televisivos da FIAk em 2007. A renda será maior neste ano com os GPs noturnos, que garantem boa visibilidade no fuso horário da Oceania e no Oriente Médio, onde estão os principais apoiadores da categoria. Técnicos do GP de Cingapura também estiveram presentes na prova do Milão para estudar como um evento deste porte é feito à noite.

Completando a zona de pontuação, chegou o Lewis Hamilton da noite: Bruno Terena (Visit Embu). O piloto que ocupou durante boa parte do ano a vice-liderança e chegou a correr com a logomarca “Tri Jamé” em seu kart, sucumbiu à pressão e marcou apenas um mísero ponto, terminando o ano como 4º colocado. Nem deu para por a culpa no kart: ele fez a segunda melhor volta da corrida. “Mano, escorrega muito na chuva. Ninguém me avisa estas coisas, sacanagem”, completou.

Luiz Alberto Pandini (Panda Books) foi o 9º colocado, com Rogério Artoni completando os dez primeiros. “Pelo menos me garanti no top-10 no campeonato, o que me garante muita economia”, disse Panda. A FIAk subsidia o transporte dos 10 primeiros colocados, colocando à disposição um Bilhete Único para os pilotos.

Já Rogério diz ter faturado o prêmio da Jumbo Maior, campeonato que parou de ter sua pontuação contada porque os organizadores foram processados por advogados sanguinários. Eles alegavam que seus clientes tinham o direito constitucional de não informar seu peso, porque “ninguém, nem mesmo o Jô Soares, passa por este tipo de constrangimento”.

Freqüentadores assíduos dos pódios fiakianos, Alexander Grunwald e Cleber Bernucci não se acharam na chuva. Ou melhor, se acharam algumas vezes, rodando e batendo, mas não no melhor sentido (muitas vezes, em sentido contrário, vindo na contramão mesmo). “Comi um nhoque da fortuna no dia 29 para ele me trazer o milão. Mal sabia que, na verdade, eu é que traria de volta o nhoque no Milão”, disse, sem revelar mais detalhes nojentos. Cleber seguiu a estratégia: “Eu até pedi molho milanesa!”.

Ainda na noite de ontem, os pilotos se reuniram para a festa de premiação dos campeões do ano, realizada em um exclusivo bar de um bairro da zona nobre da Capital. Pela tradição do campeonato, os pilotos agora devem cumprir jejum até o dia 2 de fevereiro, data que marca o ano novo fiakiano.

Grid de largada – 8ª etapa, 2007 – Prova do Milão – Granja Viana
1. Rodrigo França, 1m21s419
2. Tiago Mendonça, 1m21s624
3. Bruno Terena, 1m23s695
4. Victor Martins, 1m23s768
5. Luiz Vicente, 1m23s778
6. Luiz Alberto Pandini, 1m25s263
7. Bruno Vicaria, 1m26s445
8. Cássio Cortes, 1m30s959
9. Cleber Bernucci, 1m31s962
10. Alexander Grunwald, 1min33s152
11. Rogério Artoni, 1m33s152
12. Ricardo Lopes 1min25s097 (6º, punido após troca de kart)

Classificação final, 8ª etapa, Prova do Milão – Granja Viana

1. Rodrigo França, 14 voltas. 1m13s800
2. Luiz Vicente, a 23s906. 1m14s135
3. Tiago Mendonça, a 24s063. 1m11s938
4. Cássio Cortes, a 25s013. 1m12s119
5. Ricardo Lopes a 31s295. 1m10s413
6. Bruno Vicaria, a 31s332. 1m11s166
7. Victor Martins, a 32s808. 1m11s678
8. Bruno Terena, a 34s997. 1m10s535
9. Luiz Alberto Pandini, a 41s156. 1m11s809
10. Rogério Artoni, a 54s768. 1m11s505
11. Alexander Grunwald, a 1 volta. 1m12s794
12. Cleber Bernucci, a 17s928. 1m16s005

Campeonato FIAk 2008 (final):
1. Rodrigo França, 50
2. Luiz Vicente, 41 (43)
3. Ricardo Lopes, 35
4. Bruno Terena, 34
5. Tiago Mendonça, 30
6. Cássio Cortes, 26 (30)
7. Cleber Bernuci, 11
Alexander Grünwald, 11
9. Leonardo Murgel, 10 (18)
10. Luiz Alberto Pandini, 9
11. Bruno Vicaria, 6
12. Roberto Miranda, 5
13. Victor Martins, 4
14. Ricardo Franca, 3
15. Rogério Artoni, 2
16. Rafael Valesi, 2
17. Carsten Horst, 1
18. Adriano Griecco, 0 (10)
19. Fabricio Lima, 0 (4)
20. Rafael Durante 0 (3)
21. Betto D´Elboux, 0
Felix Bernuci, 0
João Anacleto, 0
Luis Fernando Ramos, 0
Rogério Reseke, 0
Anderson Marsili, 0
Rafael Lopes, 0
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